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Cannabis Medicinal e Autismo: O que Diz o Maior Pesquisador do mundo da Área?


Uma Entrevista Exclusiva com o Dr. Adi Aran para o iCnP


Nos últimos anos, a Cannabis Medicinal vem ganhando cada vez mais espaço no cenário científico e médico como uma opção terapêutica para diversas condições neurológicas. Um dos temas mais debatidos nesse contexto é o uso da Cannabis no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA).


Prof Dr Adi Aran: Diretor da Ala Neuropediátrica do Hospital Shaare Zedek Medical Center - Jerusalem - Israel.
Prof Dr Adi Aran: Diretor da Ala Neuropediátrica do Hospital Shaare Zedek Medical Center - Jerusalem - Israel.

Para aprofundarmos essa discussão, entrevistamos um dos maiores especialistas mundiais no assunto: o Neurologista pediátrico Dr. Adi Aran, de Jerusalém, Israel. Ele é um dos pioneiros na pesquisa da Cannabis Medicinal para crianças com autismo, conduzindo estudos que avaliam a eficácia e a segurança do tratamento.


Nesta entrevista exclusiva, Dr. Aran compartilhou sua jornada na pesquisa, as descobertas mais relevantes e os desafios que enfrentou ao longo do caminho. A seguir, destacamos os principais pontos da conversa.



Quem é o Dr. Adi Aran e por que ele começou a estudar Cannabis para o Autismo?


Dr. Adi Aran é um neurologista pediátrico que trabalha há anos com centenas de crianças portadoras de condições neurológicas, incluindo epilepsia e autismo. Durante a entrevista, ele explicou que seu interesse pela Cannabis Medicinal surgiu inicialmente a partir da experiência no tratamento da epilepsia.

"Como você deve saber, a Cannabis tem sido sugerida para epilepsia nas últimas duas décadas. Comecei a tratar crianças com autismo e epilepsia com Cannabis, e alguns pais relataram que isso também ajudava nos problemas comportamentais e nos déficits sociais."


Esse relato dos pais abriu um novo caminho para a pesquisa. Enquanto a Cannabis já era estudada há anos para a epilepsia, havia poucos estudos formais sobre seu impacto no comportamento e nas funções sociais de crianças com autismo. Foi então que Dr. Aran decidiu avaliar essa possibilidade por meio de estudos clínicos estruturados.


A motivação para esse estudo tinha embasamento biológico: o sistema endocanabinoide – um sistema neuromodulador presente no cérebro humano – tem um papel na regulação das funções cerebrais. Há evidências científicas de que esse sistema apresenta alterações no autismo, o que poderia justificar a ação da Cannabis para melhorar alguns dos sintomas do TEA.

Sistema Endocanabinoide: Você já ouviu falar ?
Sistema Endocanabinoide: Você já ouviu falar ?
"Sabemos que, no autismo, há envolvimento do sistema endocanabinoide. Esse sistema ajuda a equilibrar as funções cerebrais. Estudos com animais mostraram que, ao tratarmos camundongos com CBD, conseguimos reverter alguns sintomas."



A Cannabis é um Tratamento Milagroso para o Autismo?


Uma das preocupações do Dr. Aran é combater o exagero nas expectativas sobre a Cannabis. Ele ressalta que, apesar dos benefícios observados, o tratamento não é uma cura para o autismo e não funciona para todas as crianças da mesma forma.

Cannabis: Uma Nova Classe Medicamentosa à se conhecer.
Cannabis: Uma Nova Classe Medicamentosa à se conhecer.
"A Cannabis não é uma solução mágica para o autismo ou para os problemas comportamentais. Não é um tratamento milagroso para tudo. Acho que há muito hype em torno da Cannabis, mas há algo real nisso. Precisamos de mais estudos para entender melhor."

Ou seja, a Cannabis é mais uma ferramenta no arsenal terapêutico para tratar o autismo – não um substituto para outras abordagens.


Segundo ele, os estudos mostraram que a Cannabis pode melhorar os sintomas comportamentais e sociais de algumas crianças, mas nem todas respondem ao tratamento.



A Cannabis é Segura para Crianças?

Quando falamos em Cannabis para crianças, uma das maiores preocupações é a segurança. O Dr. Aran enfatiza que há dados suficientes para afirmar que, quando usada corretamente, a Cannabis Medicinal é segura para crianças com autismo.


"Se usarmos as cepas certas, com a proporção adequada entre canabidiol (CBD) e tetraidrocanabinol (THC), e as doses recomendadas de até 10 mg/kg/dia de CBD, o tratamento é seguro."

Mas THC Também é importante OK?!
Mas THC Também é importante OK?!

Ele explica que os efeitos colaterais são menos severos do que os de outras medicações utilizadas para autismo, como os antipsicóticos.


"Os efeitos adversos da Cannabis são geralmente leves. Muito menores do que os dos antipsicóticos tradicionais, que podem causar ganho de peso e sedação intensa."

Apesar disso, ele alerta que a eficácia do tratamento ainda precisa ser melhor compreendida. A segurança já foi bem estabelecida após mais de uma década de estudos, mas ainda há dúvidas sobre quais grupos de pacientes se beneficiam mais do tratamento.



CBD Sozinho é Eficaz para o Autismo? O Papel do THC no Tratamento


Um dos achados mais relevantes das pesquisas de Dr. Aran é que o CBD isolado pode não ser suficiente para tratar os sintomas do autismo.

"Há uma preocupação de que apenas o CBD não seja suficiente para tratar os sintomas centrais do autismo. Um estudo multicêntrico na América do Norte testou Epidiolex (CBD puro) e os resultados não foram satisfatórios."

Aran A, Harel M, Cassuto H, Polyansky L, Schnapp A, Wattad N, Shmueli D, Golan D, Castellanos FX. Cannabinoid treatment for autism: a proof-of-concept randomized trial. Mol Autism. 2021 Feb 3;12(1):6. doi: 10.1186/s13229-021-00420-2. PMID: 33536055; PMCID: PMC7860205.
Aran A, Harel M, Cassuto H, Polyansky L, Schnapp A, Wattad N, Shmueli D, Golan D, Castellanos FX. Cannabinoid treatment for autism: a proof-of-concept randomized trial. Mol Autism. 2021 Feb 3;12(1):6. doi: 10.1186/s13229-021-00420-2. PMID: 33536055; PMCID: PMC7860205.

Isso significa que, em muitos casos, uma pequena quantidade de THC pode ser necessária para obter os efeitos desejados.



"Sabemos que o THC ativa diretamente os receptores canabinoides no cérebro. Parece que precisamos de pelo menos um pouco de THC junto ao CBD para obter os melhores resultados."


Extrato completo 20:1 x CBD Iso x Placebo.
Extrato completo 20:1 x CBD Iso x Placebo.

No entanto, ele enfatiza que a quantidade de THC usada no tratamento é mínima e controlada, geralmente em proporções de 20:1 ou 28:1 de CBD para THC.


Desenho do estudo que encontrou a informação de que um certo nível de THC é necessário para o tratamento das comorbidades do Autismo.
Desenho do estudo que encontrou a informação de que um certo nível de THC é necessário para o tratamento das comorbidades do Autismo.

O que os Pais Precisam Saber sobre o Tratamento?


Durante a entrevista, o Dr. Aran explicou que, no início, foram os próprios pais que pressionaram por pesquisas sobre o uso da Cannabis no autismo. Muitos deles estavam desesperados por novas opções terapêuticas.


Você por acaso é Pai de alguma criança Atípica? Preste bem atenção!
Você por acaso é Pai de alguma criança Atípica? Preste bem atenção!

Mas ele também reconhece que há muita resistência e preconceito sobre o uso da Cannabis Medicinal, tanto por parte dos médicos quanto de alguns pais.

"No Brasil, ainda há muito preconceito, porque ouvimos falar dos malefícios da Cannabis por quase 150 anos. Mas é importante diferenciar a Cannabis Medicinal da Cannabis recreativa. A composição é completamente diferente."

O Futuro da Cannabis no Tratamento do Autismo


Apesar dos avanços, o Dr. Aran acredita que ainda há um longo caminho para a Cannabis ser reconhecida como tratamento de primeira linha para o autismo.

"Se olharmos para a segurança e tolerabilidade, a Cannabis poderia ser primeira linha. Mas se olharmos para a eficácia, ainda existem medicamentos que podem ser mais eficazes, como os antipsicóticos."


Aran A, Cayam-Rand D. Medical Cannabis in Children. Rambam Maimonides Med J. 2020 Jan 30;11(1):e0003. doi: 10.5041/RMMJ.10386. PMID: 32017680; PMCID: PMC7000154.
Aran A, Cayam-Rand D. Medical Cannabis in Children. Rambam Maimonides Med J. 2020 Jan 30;11(1):e0003. doi: 10.5041/RMMJ.10386. PMID: 32017680; PMCID: PMC7000154.

Ele destaca que os próximos passos da pesquisa devem focar em biomarcadores que possam prever quais crianças responderão melhor ao tratamento.


"No futuro, podemos descobrir que certas mutações genéticas ou perfis biológicos fazem com que algumas crianças respondam melhor à Cannabis do que outras. Isso nos ajudará a direcionar melhor o tratamento."

Conclusão

A entrevista com o Dr. Adi Aran trouxe insights valiosos sobre o uso da Cannabis Medicinal no autismo. O tratamento apresenta benefícios, especialmente para crianças com comportamentos agressivos e irritabilidade, mas não é uma solução universal.


O mais importante é que a segurança já foi bem estabelecida, mas a eficácia ainda precisa ser melhor compreendida. O futuro da pesquisa pode trazer respostas mais precisas sobre quem se beneficia mais da Cannabis e como personalizar melhor os tratamentos.


E você, o que acha sobre o tema? Acha que a Cannabis pode revolucionar o tratamento do autismo? Deixe seu comentário e compartilhe sua opinião! Para acessar a entrevista completa: https://www.youtube.com/watch?v=zgMgNACLvtA&t=2s Você é Médico e quer se inscrever no Instituto Cannabis na Prática? Acesse: https://pay.voompcreators.com.br/5200/offer/fpqnut





 
 
 

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