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Considerações sobre o tempo

Foto do escritor: Médicos AtletasMédicos Atletas

Por Dra. Alessandra Russo


Vamos refletir sobre o tempo...


Vamos refletir sobre o tempo na infância? Tempo para quem tem uma criança é algo raro, precioso e, eventualmente, curto.

Raro porque quase nunca vejo pais ou mães dizendo que tiraram um tempinho para si ou que tem uma "folguinha" de vez em quando.

Precioso porque nós profissionais sempre falamos de estimular a criança, evitar eletrônicos, ter tempo de qualidade. É como se a maternidade/ paternidade exigisse um super herói diariamente.

Curto porque os afazeres são muitos. Os afazeres da vida, do trabalho, da casa e, claro, com o filho. Crianças trazem alegria e prazer, mas dão trabalho. E como dão trabalho.

Tudo isso é verdade, mas vamos pensar naqueles momentos em que a calma e a espera também são altamente saudáveis. Vamos pensar no tempo de esperar pelo seu filho.

Na nossa correria frenética do dia a dia, nós às vezes tiramos autonomia de nossas crianças.

Frases comuns do dia a dia:

-"Ele demora muito pra comer então eu dou na boca."

-"Ela se atrapalha para se vestir, então de manhã eu coloco a roupa."

-"Ela anda devagar então eu acho mais fácil levar no carrinho quando a gente sai."

-"Ele se suja todo com o copo (ou a colher) por isso eu dou a mamadeira."

Será que não estamos, desde muito cedo, sendo ansiogênicos com nossas crianças? Se elas aprenderem que completar uma atividade no tempo possível e não no tempo desejado é um direito e um motivo de orgulho, elas serão mais capazes de lutar por este direito quando for necessário.


Crianças precisam sentir que, mesmo no tempo delas, nós estaremos lá, esperando por elas. E que isso não vai causar um transtorno no nosso dia. Pequenas realizações da infância nos ajudam a construir uma autoimagem positiva e nos fornecem confiança para futuras realizações.

Quem sabe da próxima vez que houver um compromisso dê para você incluir uns minutos extras para o seu pimpolho praticar ser independente. Cuidar da saúde mental de nossas crianças passa por cuidados com a alimentação, atividade física, mas também por atitudes pequenas que constroem boas memórias afetivas.


Dra. Alessandra Russo
  • Médica Neuropediatra pela USP.

  • Mestre e Doutora pela USP.

  • Título de Especialista em Neuropediatria.

  • Pós-graduada em Psiquiatria infantil pela USP.

  • Membro da Sociedade Brasileira e Internacional de Neurologia Infantil


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