O barulho (im)perceptível
- Ingridi Vargas
- 6 de fev.
- 4 min de leitura
Vou ressaltar algo que pode passar como natural para a maioria de nós, até que o silêncio se faça presente, a POLUIÇÃO SONORA.
Recentemente tive a oportunidade de atender uma paciente que ama ouvir música (assim como todos nós), e para dormir, ela usava sua playlist predileta em volume baixo. Durante a anamnese após termos resolvido outros detalhes, surgiu a questão novamente sobre poluição sonora excessiva, mesmo que em baixo tom, nosso ouvido percebe ruídos mínimos.
E isso me lembrou que a maioria de nós, deixa de perceber, mas os ruídos contínuos, mesmo que em baixo tom, começam a nos tirar do sério algumas vezes, deixar a paciência mais curta, gerando irritabilidade, dificuldade de atenção e problemas de outros gêneros.
Prova disso, é a audiometria, que nos ajuda a detectar alterações de perdas auditivas precocemente.
E humanos ouvem em diversos valores... uma larga escala... imaginem os cães?!
"[...]a faixa de áudio humana encontra-se numa faixa de frequência de 20 a 20.000 Hz[...]"(Guia de Avaliação Audiológica- Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia - volume I).
E quando nascemos... também somos testados, é essencial ao desenvolvimento o estímulo auditivo. Por isso, o teste da orelhinha é feito. TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL. É literalmente no começo da nossa jornada por aqui!
Agora, pare e pense comigo na seguinte cena:
Um lugar calmo, sons da natureza... pássaros e borboletas a voar, com a brisa do vento soprando... onde podemos ouvir barulhos a quilômetros e quilômetros de distância.

E sinta a tranquilidade desta cena.
Agora... pense comigo, na cena típica de um dia corrido e estressante na cidade, onde já estamos habituados:

Onde tudo soa algo diferente, choro de desespero dos nanicos que competem com o som das buzinas e dos ruídos televisivos... diversos celulares fazendo mais barulhos... outdoors de vídeo e com luzes fortes, motores, motoboys com escapamento barulhento... reuniões sociais de pequenos círculos, todos os lugares cheios de gente parecem uma feira ambulante...
E quando se chega em casa, um pouco de silêncio? Para os minúsculos ossos do ouvido que passaram o dia todo transmitindo frequências diversas pro nosso cérebro... Ou mais música, série, novela... e algazarra?
E quando comento sobre, quero te trazer a pensar no menos óbvio dos sons.. o barulho talvez ignorado nem é o "alto", mas sim o ruído dos aparelhos nas tomadas...
a geladeira que faz um som ao fundo, com o bebedouro, as máquinas, roteadores. E só são notados eventualmente em uma brecha de energia.. onde o silêncio pode até assustar. A somatória de sons menores que estão sempre estimulando nossos tímpanos.

Um artigo da NatGeo reforça que nos EUA por exemplo, o órgão responsável NIOSH, recomenda que em serviço, funcionários não sejam expostos a no máximo 85 dBA por mais de oito horas.
E nesse exemplo, estamos comparando com sons exemplificados:

Cortadores de grama, liquidificadores barulhos de restaurantes, secador de cabelo, estão na parte alaranjada do gráfico pois são sons comumente acima de 75 dB.
Então o limite adequado seria de 8 horas por dia a 85 dB. Maiores valores por menos tempo, ou proteção acústica podem ser opções pra manter a recomendação diária, alternar a vida barulhenta com momentos de silêncio também é uma ótima opção.

Portanto, não é apenas o seu sistema nervoso e cardiovascular que agradece um pouco de silêncio. Mas também os ouvidos, que podem sofrer danos permanentes.
Um pouco de conhecimento extra, não completamente no escopo da saúde física, segundo a Lei de Contravenção Penal, conforme retirado de site jusbrasil:
O artigo de número 42 tipifica contravenção – Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios: I – com gritaria ou algazarra; II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III– abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda: Mais um mito é acreditar que você tem o direito de fazer barulho até às 22h. Saiba que mesmo durante o dia, os ruídos não podem ultrapassar um limite que incomode o sossego da população – 70 decibéis (segundo lei municipal de Belo Horizonte), o equivalente ao ruído de trânsito intenso.
Mas há que fazer?
Tentativas públicas envolvem o "Programa Silêncio", (O Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora, conhecido como Programa Silêncio)
Selo Ruído para equipamentos e dispositivos.
Segundo um estudo conduzido pelo European Heart Journal "Cardiovascular effects of environmental noise exposure"/Efeitos cardiovasculares da exposição ao ruído ambiental
"Além de seus efeitos no sistema auditivo, o ruído causa incômodo e perturba o sono, além de prejudicar o desempenho cognitivo. Além disso, evidências de estudos epidemiológicos demonstram que o ruído ambiental está associado a uma maior incidência de hipertensão arterial, infarto do miocárdio e derrame"

E assim, encerro essa reflexão com vocês meus aliados!
Expandir esses momentos diurnos e noturnos de silêncio é uma ferramenta ideal aliada para a nossa saúde. Nos vemos em breve aqui pelos médicos atletas!

Fontes:
deveres/266427263#:~:text=I%20%E2%80%93%20em%20per%C3%ADodo%20diurno%20(7h,partir%20da%200%3A00%20h.
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