O papel do médico (de qualquer especialidade) na saúde infantil e do adolescente
- Alessandra Russo
- 24 de fev.
- 2 min de leitura
Você que já me acompanha aqui há mais tempo, sabe que sou neuropediatra. E embora os últimos textos tenham sido provocações e reflexões sobre a nossa vida e nossa saúde física mental, quero hoje trazer a proposta de pensarmos o quanto nossas ações interferem na saúde física e mental de nossas crianças e adolescentes.
E se você não tem filhos e já está pensando em pular esse texto, peço que me conceda mais dois parágrafos para eu me explicar melhor.
Nossas crianças aprendem principalmente pela imitação e pelo exemplo. E isso não se trata só de filhos. Sobrinhos, afilhados, primos mais jovens, filhos de amigos. São todos grandes esponjas absorvendo tudo que o ambiente traz de informação e moldando comportamentos e desenvolvimento através dessas experiências.

Então, enquanto sociedade somos todos exemplos para nossas crianças, num sentido mais amplo de grupo, de tribo. E se ter um grupo com as mesmas motivações nos inspira e motiva a várias ações, como por exemplo a atividade fisica, para os pequenos esse grupo pode ser crucial para o desenvolvimento fisico, emocional e cognitivo.
Pensa comigo, nesse contexto somo todos co-responsáveis pela saúde infantil. E como médicos, não importa sua especialidade, somos ainda mais responsáveis, porque mudanças comportamentais em qualquer familiar terá impacto nos mais jovens, na construção de uma personalidade mais equilibrada e adaptada e menos sofrimento. Adultos saudáveis inspiram crianças e adolescentes saudáveis.

Ajustar o sono de um adulto, reduzindo o uso de telas noturnas pode ter impacto no sono da família toda. Reduzir o estresse e a ansiedade de uma mãe vai certamente reduzir fatores estressores ambientais para a criança. Instigar o autocuidado nos nossos pacientes de qualquer idade sempre terá impacto positivo nas crianças ao redor, como um efeito borboleta. Isso aumenta muito nossas possibilidades como médicos e também nossa responsabilidade. Não é tratar só um indivíduo e sim pensar em todo o seu entorno.
Acrescento ainda o ponto que nós, enquanto figuras de autoridade técnica, podemos construir junto aos nossos pacientes um perfil mais saudável para toda a família, buscando aquilo que é mais valoroso para cada um.
Finalmente, nosso exemplo como profissionais da saúde quando nos cuidamos bem tem um peso enorme. Demonstrar coerência entre o que orientamos e o que vivemos traz conexão, traz troca verdadeira e respeito.
A proposta aqui hoje é que não sejamos omissos, que possamos olhar nossa saúde com responsabilidade e cuidar dos nossos pacientes com o mesmo amor que cuidamos de nós mesmos.
Me conta aqui, se você fosse seu paciente, o quão orgulhoso você estaria das suas escolhas?

Um abraço
Alessandra
Dra Alessandra Freitas Russo é neurologista da infância e da adolescência com mestrado e doutorado pela USP. Atua na clínica Vivere, uma clínica de reabilitação infantil, onde é sócia fundadora. É especialista em medicina do estilo de vida e acredita que a alegria e a gratidão são pilares de uma vida mais feliz.
@neuroevoce @vivereclnicagranjaviana
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