Medatletas, vamos conversar um pouco sobre uma proteína desconhecida até poucos anos atrás, mas atualmente muitíssimo estudada em diversas áreas médicas por conta de sua função e utilidade em diversos órgãos e sistemas do organismo.
A Irisina é uma proteína secretada pelas células musculares esqueléticas sempre que estimulada pelos exercícios, sejam aeróbicos ou de força. Diversos estudos associam os níveis séricos com status de saúde. Seus níveis são em geral menores em pacientes obesos, com osteoporose/fraturas patológigas, sarcopenia, Doença de Alzheimer e patologias cardiovasculares.
Vamos revisar na sequência os efeitos dessa proteína nos diversos órgãos/sistemas:
1- No tecido gorduroso:
A Irisina provoca escurecimento da gordura branca. Temos 2 tipos de gordura no organismo, sendo a gordura branca em maior quantidade. Esse tipo de gordura é pouco ativo metabolicamente e exerce efeitos negativos no metabolismo. Já a gordura marrom é metabolicamente muito ativa e tem efeitos positivos sobre o organismo, principalmente pelo aumento da termogênese. A Irisina tem o poder de transformar a gordura branca em marrom pela ativação dessas enzimas termogênicas, contribuindo para o emagrecimento. Curiosamente, alguns obesos tem resistência à Irisina (quase da mesma forma que tem resistência à insulina), e por isso mais estudos são necessários até que a Irisina recombinante possa ser usada clinicamente no tratamento da obesidade.
2- No fígado
A expressão da Irisina está muito reduzida em portadores de Esteatohepatite. Exercícios prolongados ou suplementação exógena de Irisina mostram efetivos na proteção contra Esteatose hepática não alcoólica. A Irisina também inibe a gliconeogênese hepática e ajuda na redução da resistência à insulina. Seus efeitos na redução da produção hepática de colesterol também estão bem documentados. No entanto, como esses efeitos são produzidos ainda não foi elucidado, portanto ainda não podemos fazer uso clínico nesses pacientes.
3- No SNC
Seus efeitos no SNC são de melhora da cognição, aprendizado e memória. Essa proteína diminui a apoptose cerebral em modelos animais. Estudos em ratos mostram melhora do status mental em modelos com AVC e Doença de Alzheimer, sugerindo que sua suplementação pode ser usada no futuro no tratamento dessas doenças.
4- Nos ossos
Estudos mostram que após algumas semanas de exercícios físicos regulares, a Irisina aumenta a diferenciação dos osteoblastos e produção de matriz óssea. Quanto maior a concentração de Irisina, maior a massa óssea e melhor a homeostase óssea.
5- Na musculatura esquelética
Assim como nos ossos, quanto maior a Irisina circulante, melhor a saúde muscular e performance do praticante. Sua concentração está acentuadamente reduzida em pacientes sarcopênicos. Estudos recentes mostram que suplementação exógena de Irisina melhora massa muscular e previne atrofia.
6- Doenças cardiovasculares
Todos sabemos que os exercícios tem papel crucial na prevenção do desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A Irisina parece estar intimamente ligada à essa redução. Pacientes com DCV tem níveis significativamente menores de Irisina. A Irisina também ajuda a prevenir hipertrofia miocárdica, a qual acaba levando ao desenvolvimento de ICC.
Nos vasos sanguíneos, ajuda na redução do dano endotelial, reduzindo stress oxidativo e inflamação local. A suplementação de Irisina reduziu significativamente a incidência e tamanho de placas ateroscleróticas em modelos animais.
Conclusão:
Pelo fato da Irisina ser uma descoberta recente, ainda faltam estudos em humanos até que a Irisina exógena possa ser usada em larga escala. Porém, as descobertas e estudos em animais são bem promissores nas mais diversas áreas acima citadas. No entanto, podemos nos beneficiar desde já de seus efeitos positivos. Basta fazermos exercícios regulares.
Dr. Leonardo Spercoski Gonçalves
Médico do Esporte e Cardiologista
@drleonardospercoski
Obrigada pelo texto! Muito importante o papel da irisina!!! 😀
Maravilhoso!😍