Por Maria Eduarda Vieira
O gelo pode ou não prejudicar a lesão? Vamos ver...
Não é de hoje que você provavelmente já tenha ouvido falar para colocar gelo logo após uma pancada ou quando está com algum inchaço em determinada região. Mas, será que é realmente considerável essa informação?
Como qualquer outra afirmação, por trás dela existe um contexto histórico e para o uso do gelo não é diferente. Ao longo do tempo, espécies de "protocolos" foram criados para auxiliarem no uso e com o passar dos anos alterados conforme novos estudos e pesquisas.
Tudo iniciou em meados da década de 80, onde o termo RICE (Rest, Ice, Compression, Elevation) trazendo para o nosso português respectivamente Descanso, Gelo, Compressão, Elevação) tinham como objetivo reduzir a inflamação e acelerar o processo de cicatrização. Até então tudo bem, contudo após 20 anos, foi instituído o "P" de proteção tornando-se assim o PRICE. Durante esse período o objetivo era preservar o local da lesão.
Após 14 anos, o então PRICE foi abolido e entrou em vigor o chamado POLICE ( Protection, Optimal Loading, Ice, Compression & Elevation), em outras palavras, sem repouso literalmente (rsrs). O motor chefe para a mudança foi nada menos que o descanso não resultar em bons resultados, onde a falta de movimento é prejudicial à recuperação, nesse caso o "OL" nada mais é que otimizar a recuperação através da regeneração celular nos momentos iniciais.
Entre mudanças e nomenclaturas, a mais recente e atualizada se chama PEACE + LOVE, sem paz e amor traduzindo para o literal, o termo significa (Protection, Elevation, Avoid anti-inflammatory Drugs, Compression, Education & Load, Optimism, Vascularisation e Exercise). Assim, já se torna possível verificar que a lesão em sua fase inicial tende a ser um compilado de ações que não apenas o uso do gelo. Depois dessa história vamos ao ponto.
O corpo após a lesão, naturalmente precisa da inflamação para recuperação, por outro lado, quando o edema (inchaço) está abundante não é positivo. Uma vez que, pode ocasionar compressão nos tecidos, inibindo movimento e aumentando a dor, reduzindo assim a função muscular. Exemplos clássicos são nas entorses de tornozelos (quando torcemos o pé) e em pós operatórios de ligamento cruzado anterior, onde em ambas as situações o inchaço prejudica a função do músculo e inviabiliza o movimento. O gelo vai atuar não necessariamente tirando todo o inchaço, mas limitando a sua extensão, ou seja, que ela se prolongue.
Logo, para não esquecer, o gelo é aliado na fase inicial após uma lesão que gerou inchaço e está prejudicando o movimento. Se ficar com dúvida sobre o uso, busque um profissional para te orientar e encontrar o melhor caminho.
Maria Eduarda Vieira
Coordenadora da Liga Acadêmica de Fisioterapia em Traumatologia Ortopédica e Desportiva
Acadêmica de Fisioterapia da Universidade de Caxias do Sul
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