Fadiga persistente e dificuldade de emagrecimento: um olhar integrado sobre as causas mais comuns e o papel da medicina do estilo de vida
- Dra Juliana da Silva Pereira

- 14 de jul.
- 2 min de leitura

É crescente o número de pacientes que, mesmo tentando adotar hábitos saudáveis como prática regular de exercícios e ajustes na alimentação, relatam fadiga crônica, dificuldade de concentração, ganho de peso e baixa resposta aos esforços para emagrecer.
Esses sintomas, por vezes desvalorizados ou atribuídos apenas ao estilo de vida moderno, são multifatoriais e exigem uma avaliação clínica cuidadosa e individualizada. A medicina do estilo de vida propõe uma abordagem integrada, baseada em evidências, para identificar e intervir nos pilares que sustentam a saúde a longo prazo.
1. Alimentação de baixa densidade nutricional e inflamação de baixo grau
Dietas com excesso de alimentos ultraprocessados, refinados e ricos em açúcares adicionados são associadas a um aumento do estado inflamatório sistêmico subclínico, que interfere diretamente na função hormonal e no metabolismo energético. Além disso, padrões alimentares inadequados contribuem para a disbiose intestinal, o que pode influenciar negativamente o eixo intestino-cérebro e o controle do apetite.
2. Sono insuficiente e seus efeitos metabólicos e comportamentais
A privação crônica de sono está fortemente associada ao aumento da fome, ao desejo por alimentos altamente calóricos e à redução da saciedade. Mecanismos neuroendócrinos estão envolvidos, incluindo alterações nos níveis de leptina, grelina e cortisol, hormônios fundamentais para a regulação do apetite e do gasto energético.
Estudos clínicos mostram que dormir menos de 6 horas por noite pode prejudicar significativamente os esforços de perda de peso e aumentar o risco de obesidade, mesmo em indivíduos fisicamente ativos.
3. Estresse crônico, eixo HPA e disfunção metabólica
A ativação constante do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), em decorrência do estresse físico ou emocional, leva à secreção prolongada de cortisol. Esse hormônio, quando em níveis elevados de forma crônica, contribui para o aumento da gordura visceral, resistência à insulina e prejuízo na síntese proteica — fatores que dificultam tanto o emagrecimento quanto a manutenção da massa muscular.
A importância de uma abordagem personalizada
Esses fatores — alimentação, sono e estresse — frequentemente coexistem e se retroalimentam, criando um ambiente metabólico desfavorável. Por isso, a abordagem personalizada, conduzida por equipe multidisciplinar, torna-se essencial para restaurar a saúde e otimizar os resultados clínicos.
A prescrição de atividade física estruturada, o ajuste da dieta baseado em densidade nutricional e anti-inflamação, e o manejo do sono e do estresse são pilares centrais da medicina do estilo de vida, com efeitos comprovados na reversão de desfechos metabólicos adversos.
Cansaço persistente, dificuldade de emagrecimento e baixa energia não devem ser encarados como condições normais do envelhecimento ou da rotina agitada. Ao invés disso, devem servir como um sinal de alerta para investigar desequilíbrios subjacentes e promover intervenções direcionadas.
Reverter esse quadro exige comprometimento e acompanhamento. A boa notícia é que, com ajustes graduais e consistentes, é possível restaurar a vitalidade, melhorar a composição corporal e recuperar o bem-estar físico e mental.

Juliana da Silva é médica (CRMSP 144.525) parceira e membro da diretoria científica do Movimento Médicos Atletas e atua como generalista com foco em nutrologia e medicina do estilo de vida.
É especialista em ajudar pessoas que buscam mais qualidade de vida, controle de suas doenças crônicas e longevidade através dos hábitos saudáveis.
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