Obesidade é multifatorial: por que precisamos de mais empatia e acolhimento na prática clínica?
- Dra Juliana da Silva Pereira

- 29 de ago.
- 2 min de leitura

A obesidade deixou de ser vista apenas como consequência de “falta de disciplina” ou “excesso alimentar”. Hoje sabemos, com base em extensa literatura científica, que se trata de uma doença crônica, complexa e multifatorial, influenciada por fatores genéticos, metabólicos, comportamentais, ambientais e sociais.
Apesar disso, muitos pacientes ainda enfrentam estigma e preconceito no próprio ambiente de saúde — o que pode levar ao atraso no diagnóstico, abandono do tratamento e agravamento de condições associadas. Como médicos e profissionais de saúde, precisamos refletir sobre nosso papel em promover um atendimento empático, de escuta e segurança.
Obesidade: uma doença multifatorial
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é resultado de uma interação complexa entre fatores individuais e ambientais. Não se trata apenas de um desequilíbrio calórico, mas de alterações no sistema de regulação do apetite, no metabolismo energético e na resposta inflamatória do organismo.
Pesquisas demonstram que a genética pode explicar até 40 a 70% da variabilidade do peso corporal, enquanto o ambiente moderno, marcado por alimentos ultraprocessados, sedentarismo e estresse crônico, amplifica esse risco.
O impacto do estigma no cuidado
Infelizmente, pacientes com obesidade relatam frequentemente experiências negativas em consultas médicas, incluindo julgamentos morais, culpabilização e atitudes preconceituosas. Esse estigma está associado a:
* Maior risco de depressão e ansiedade;
* Baixa adesão ao tratamento;
* Atraso na procura por cuidados de saúde;
* Pior qualidade de vida.
Isso significa que, quando deixamos de acolher, não apenas falhamos em apoiar o paciente, mas contribuímos para perpetuar o problema.
Como ser um profissional mais empático e eficaz no cuidado da obesidade
1. Escuta ativa:*permita que o paciente compartilhe suas dificuldades sem interrupções ou julgamentos.
2. Linguagem respeitosa: substitua termos pejorativos por expressões centradas na pessoa, como “pessoa com obesidade” em vez de “obeso”.
3. Atenção ao histórico: reconheça fatores como genética, sono, estresse, medicações e ambiente alimentar que influenciam no peso.
4. Planos realistas: evite metas inatingíveis; celebre pequenas conquistas de saúde, mesmo sem perda de peso imediata.
5. Equipe multidisciplinar: valorize a atuação integrada de médicos, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos.
A obesidade exige uma abordagem científica e compassiva. Mais do que prescrever dietas e exercícios, nosso papel como médico é acolher, orientar e apoiar os pacientes em sua jornada.
A empatia, aliada ao conhecimento técnico, é uma ferramenta terapêutica tão poderosa quanto qualquer intervenção farmacológica ou nutricional.

Juliana da Silva é médica (CRMSP 144.525) parceira e membro da diretoria científica do Movimento Médicos Atletas e atua como generalista com foco em nutrologia e medicina do estilo de vida.
É especialista em ajudar pessoas que buscam mais qualidade de vida, controle de suas doenças crônicas e longevidade através dos hábitos saudáveis.
Quer agendar uma consulta? Se sim, clique no botão abaixo.



Comentários