Por incrível que pareça é possível que sim!
Cá estou, novamente, utilizando esse espaço para compartilhar ideias que aprendo estudando psicologia positiva e comportamento e assim convidar nossos leitores a descobrirem como a ciência tem a capacidade de buscar uma vida apreciativa e nos transformar para construir saúde de forma concreta e autoral.
Uma das descobertas mais surpreendentes das ciências comportamentais nos últimos anos é que o comportamento humano é contagioso e pode se espalhar.
A rede social que pertencemos influência as nossas escolhas e ações. E essa descoberta deve provocar uma mudança na nossa forma de pensar e agir na saúde.
É possível até que passemos a considerar no futuro que as doenças crônicas não transmissíveis na verdade sejam sim socialmente transmissíveis (artigo).
Um dos problemas de saúde pública em que o efeito da exposição social é discutido a mais tempo é o comportamento suicida. Em 1774 um surto de suicídios na Europa teria sido relacionado com a novela Die Leiden des Jungen Werther de Goethe.
Esse tipo de reação de contágio social motivou até a OMS a criar um manual de orientação para jornalistas sobre como tratar adequadamente esse tema na mídia (manual).
Ao analisar os dados do estudo The Framingham Heart Study, Christakis e seu grupo de pesquisa encontraram que diversos desfechos de saúde, bem-estar e comportamentos podem ter um padrão de transmissão social. Os achados desta análise são riquíssimos e deram origem a várias publicações:
· escolhas alimentares (artigo)
· insônia e uso de drogas (artigo)
· obesidade (artigo)
· tabagismo (artigo)
· felicidade (artigo)
· depressão (artigo)
Diversos outros estudos científicos têm demonstrado a natureza contagiante de outros comportamentos:
· Generosidade - as pessoas tendem a mais facilmente ajudar um estranho quando receberam ajuda ou observaram alguém ajudar ou ser ajudado por uma pessoa (artigo).
· Violência - a agressividade aumenta em pares de jogadores de videogames violentos mesmo quando esses pares não jogam games com agressividade (artigo).
· Exercício físico - corredores podem ser influenciados por seus pares com um padrão bem característicos (artigo).
· Estresse - mães podem contagiar seus filhos com experiências estressantes
· Cooperação - um ato de contribuição para o grupo dentro do experimento parece ser multiplicado por 3 vezes no decorrer do experimento criando um efeito cascata (artigo).
Essa característica contagiosa ou socialmente influenciável do comportamento humano e ligado à saúde deve ser levado em consideração. Ela influencia até o padrão de ocorrência de epidemias, por modificar a adesão a campanhas de vacinação por exemplo (artigo)
Aproveito este momento para reconhecer, através das fotografias aqui incluídas, como o grupo de corrida do meu condomínio me contagiou ao longo de 2024 para encarar desafios com muita alegria e pertencimento.
Letícia Gonçalves é Médica de família e comunidade (RQE 51460) com formação em Psicologia Positiva e Medicina do Estilo de Vida, parceira e membra da diretoria científica do Movimento Médicos Atletas.
É coaching de saúde e especialista em ajudar pessoas a encontrar seu florescimento em saúde, conquistando qualidade de vida, longevidade e uma vida plena.
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