Por que Médicos Precisam Parar de Subestimar o Autocuidado Corporal - Yoga Não É Só Alongamento
- Ju Dabini
- há 3 dias
- 4 min de leitura
“Se você acha que yoga é só sentar de olhos fechados ou fazer posturinha de Instagram, talvez esteja deixando de lado uma das ferramentas mais eficazes para preservar sua carreira médica a longo prazo.”

Essa frase costuma causar desconforto em muitos médicos que atendo. Afinal, a formação médica ensina a cuidar dos outros, mas dificilmente oferece espaço ou ferramentas para o autocuidado físico e emocional. A exigência da prática médica, associada à cultura da superperformance e ao desprezo pelo descanso, tem adoecido silenciosamente os próprios cuidadores.
E os dados comprovam isso.
O perfil do adoecimento médico: números que não se ignora
Um estudo publicado no Journal of Internal Medicine (West et al., 2018) apontou que mais de 50% dos médicos relatam sintomas de burnout. Os índices de ansiedade, depressão e insônia são significativamente mais altos do que na população geral. Soma-se a isso a alta incidência de dores lombares, problemas cervicais e cefaleias tensionais, especialmente em especialidades com longos períodos em pé ou posturas estáticas, como anestesiologistas, cirurgiões e intensivistas.
E, ainda assim, a maioria dos médicos continua acreditando que “aguenta” ou que “descansa dormindo”.
Mas... e se o descanso verdadeiro estiver também no movimento?
"Não tenho tempo para isso" – será mesmo?
Essa é, de longe, a objeção mais comum. E talvez a mais frágil.
Estudos mostram que práticas curtas e consistentes de 5 a 10 minutos de yoga e respiração consciente promovem redução de cortisol, melhora da variabilidade da frequência cardíaca e um aumento da atividade do sistema parassimpático — o que significa mais capacidade de foco, resposta emocional equilibrada e recuperação fisiológica.
Tempo, nesse caso, é investimento. E poucos investimentos são tão rentáveis quanto os que devolvem energia, clareza mental e presença.
"Mas isso não tem evidência científica..." — tem sim, e muita
A ciência tem avançado fortemente no estudo das práticas mente-corpo. E o yoga está entre as mais estudadas.
A JAMA Internal Medicine publicou uma meta-análise de 47 estudos clínicos sobre meditação e yoga, apontando benefícios consistentes na redução do estresse, da ansiedade e da dor crônica (Goyal et al., 2014).
A Harvard Health Publishing já reconhece o yoga como uma prática relevante na prevenção do burnout, com impacto positivo em pacientes e profissionais da saúde.
O NIH (National Institutes of Health) classifica o yoga como uma prática complementar para saúde mental, musculoesquelética e cardiovascular.
Depoimento da prática: o que vejo no chão da sala de yoga
Atendo médicos tanto em grupo quanto individualmente. E existe um padrão:
Ceticismo inicial – risadas desconfiadas, corpo tenso, sensação de perda de tempo.
Primeira surpresa – uma respiração mais leve, um incômodo nas costas que começa a desaparecer.
Reconexão – a experiência de estar no próprio corpo, com mais consciência e menos julgamento.
“Ju, eu não sabia o quanto estava acelerado até parar pela primeira vez.” – médica residente de anestesiologia, após a 2ª aula de yoga.
O que mais escuto é: “Por que não comecei isso antes?”
Autocuidado não é luxo. É base da longevidade médica.
A medicina moderna cobra inteligência, presença, precisão. Mas como sustentar tudo isso com um corpo exausto, uma mente dispersa e um sistema nervoso à beira do colapso?
Yoga não é místico, nem leve demais. É fisiologia aplicada ao bem-estar. É neurociência em movimento. É estratégia de sobrevivência para quem vive sob pressão constante.
Quer começar? Comece pequeno, mas comece.
Você não precisa virar iogue, nem colocar o pé atrás da cabeça. Basta estar disposto a experimentar.
No meu programa exclusivo MedYoga — Yoga para Médicos, desenvolvi aulas específicas para os desafios da prática médica: dores cervicais, cansaço extremo, insônia, tensão emocional e perda de foco.
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Se quiser cuidar melhor de seus pacientes, comece cuidando melhor de você. Seu corpo é o seu instrumento mais valioso. E ele está pedindo socorro — ainda que você esteja treinado para não escutar.
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Referências
West CP, Dyrbye LN, Shanafelt TD. Physician burnout: contributors, consequences and solutions. J Intern Med. 2018;283(6):516–29.
Goyal M, Singh S, Sibinga EM, et al. Meditation programs for psychological stress and well-being: a systematic review and meta-analysis. JAMA Intern Med. 2014;174(3):357–368.
Streeter CC, Gerbarg PL, Saper RB, et al. Effects of yoga on the autonomic nervous system, gamma-aminobutyric-acid, and allostasis in epilepsy, depression, and post-traumatic stress disorder. Med Hypotheses. 2012.
Manocha R, Black D, Wilson L. Quality of life and functional health status of long-term meditators. Evid Based Complement Alternat Med. 2012.
Linzer M, Poplau S, Grossman E, et al. A cluster randomized trial of interventions to improve work conditions and clinician burnout in primary care: results from the Healthy Work Place (HWP) study. J Gen Intern Med. 2015;30(8):1105–11.
Com carinho e mais autocuidado,
Até breve,
Ju Dábini
@julliendabini Perfil do Med yoga e @judabini Perfil da Maternidade
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