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A medicina e nossa criança interior

Outubro além de termos celebrado nossa profissão é também o mês das crianças. E em algum lugar dentro de cada médico ainda vive uma criança curiosa. Você sabe como anda a sua?


Aquela que se encantava com o mistério da vida, que fazia perguntas sem medo, que queria entender como o corpo funcionava, que se comovia com a dor e sonhava em “ajudar as pessoas”. Foi essa criança — com brilho nos olhos e coração aberto — que começou o caminho até o jaleco branco.


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Com o tempo, a prática clínica, as responsabilidades e o peso das decisões podem silenciar essa voz. Entre protocolos, plantões e metas, o encantamento dá lugar à exaustão. O cuidado com o outro passa a ser prioridade absoluta, e o cuidado consigo mesmo se perde no meio da correria.Mas aquela criança não desaparece — ela apenas espera ser ouvida novamente.


Reconectar-se com a criança interior não é um gesto poético: é um ato de saúde mental.É lembrar que a medicina nasceu do fascínio pelo ser humano, não apenas da necessidade de resolver problemas. É permitir-se sentir — alegria, empatia, cansaço — e acolher tudo isso sem culpa. É resgatar o prazer de aprender algo novo, de conversar com o paciente sem pressa, de se surpreender com pequenas vitórias diárias.


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Muitos médicos, ao reencontrarem essa parte de si, redescobrem o significado de sua profissão.A criança interior nos lembra que curar não é apenas prescrever, mas também se conectar. Que a compaixão é tão essencial quanto o conhecimento técnico. Que o riso, o descanso e o tempo com quem amamos não são distrações — são alimento para continuar. Que se não nos cuidarmos não seremos capazes de cuidar bem dos outros.


Cuidar da criança interior é também cuidar do futuro da medicina.É garantir que o médico continue sendo humano em meio à tecnologia, que o olhar curioso e empático siga guiando cada conduta.E talvez, ao permitir-se brincar, rir e descansar, o médico reencontre algo que nunca deveria ter perdido: a leveza de quem um dia sonhou em cuidar.


Neste Mês do Médico, o convite é simples — e profundo:Antes de vestir o jaleco, escute sua criança interior.Ela ainda sabe o caminho. Comenta aqui para mim, como vai sua criança interior?


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Um abraço

Alessandra


Dra Alessandra Freitas Russo é neurologista da infância e da adolescência com mestrado e doutorado pela USP. Atua na clínica Vivere, uma clínica de reabilitação infantil, onde é sócia fundadora. É especialista em medicina do estilo de vida e acredita que a alegria e a gratidão são pilares de uma vida mais feliz.

@neuroevoce @clinicadraalerusso

 
 
 

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