Envelhecimento Saudável: o que podemos aprender com o "Nun Study" de David Snowdon?

Falar sobre envelhecimento saudável é, acima de tudo, falar sobre escolhas ao longo da vida. E já diz o ditado, conhecimento traz responsabilidade! O neurologista e pesquisador David Snowdon trouxe à tona uma perspectiva valiosa sobre esse tema por meio de um dos estudos mais fascinantes já realizados na área da neurociência: o "Nun Study" (Estudo das Freiras).

Iniciado em 1986, o estudo acompanhou mais de 600 freiras da Ordem de Notre Dame, nos Estados Unidos, por décadas. O estilo de vida dessas mulheres — marcado por rotinas estáveis, vida comunitária, alimentação simples e engajamento intelectual e espiritual — ofereceu uma base única para investigar como fatores ambientais, emocionais e educacionais influenciam o envelhecimento do cérebro.

📚 Educação e reserva cognitiva

Uma das descobertas mais surpreendentes foi que muitas das freiras, mesmo apresentando sinais físicos da doença de Alzheimer no cérebro após a morte, não demonstravam sintomas da doença em vida. O que explicava isso? A resposta parecia estar na educação e no uso ativo da linguagem desde cedo. Freiras com vocabulário mais elaborado e escrita mais complexa na juventude apresentaram menor risco de declínio cognitivo, mesmo com alterações neurológicas visíveis.

Essa observação reforça o conceito de reserva cognitiva — a ideia de que o cérebro pode criar "caminhos alternativos" para manter suas funções mesmo quando há lesões ou envelhecimento natural.

😊 Mentalidade e bem-estar

Outro ponto importante do estudo foi a constatação de que freiras com atitudes mais positivas, emocionalmente estáveis e mentalmente engajadas apresentavam envelhecimento cerebral mais saudável. O otimismo, o senso de propósito e o envolvimento com atividades cognitivas e sociais se mostraram fortes aliados na proteção do cérebro.

🧩 O que podemos aprender com isso?

O "Nun Study" nos lembra que envelhecer bem não depende apenas da genética. Nosso estilo de vida, nossas atitudes e o modo como cultivamos nossa mente e nossos relacionamentos fazem diferença — e muita. Estimular o cérebro, manter-se ativo intelectualmente, preservar laços afetivos e adotar uma visão mais positiva da vida são caminhos reais para preservar a saúde mental com o passar dos anos.

🌟 Envelhecer com saúde é um processo que começa agora.

E é uma escolha. E onde entram os médicos atletas? Dar exemplo com nosso próprio comportamento, fomentar a atividade física como fator neuroprotetor e difundir  informação de qualidade é parte do nosso papel. 

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Um abraço

Alessandra

Dra Alessandra Freitas Russo é neurologista da infância e da adolescência com mestrado e doutorado pela USP. Atua na clínica Vivere, uma clínica de reabilitação infantil, onde é sócia fundadora. É especialista em medicina do estilo de vida e acredita que a alegria e a gratidão são pilares de uma vida mais feliz.

@neuroevoce @vivereclnicagranjaviana