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Estilo de vida e saúde do médico

Quando pensamos em saúde, é natural imaginar o médico como símbolo de cuidado. Afinal, é ele quem escuta, examina, orienta, diagnostica e trata. Mas, nos bastidores, a realidade é muitas vezes diferente: médicos estão entre os profissionais mais vulneráveis ao estresse, à exaustão e ao adoecimento silencioso.


Longas jornadas de trabalho, noites mal dormidas, pressão por decisões rápidas e emocionalmente carregadas, além da cobrança interna por excelência, compõem um cenário desafiador. Nesse contexto, o cuidado com o próprio estilo de vida costuma ser deixado em segundo plano.

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O paradoxo do cuidador

É comum ouvir médicos recomendando hábitos saudáveis a seus pacientes: boa alimentação, atividade física regular, sono adequado, lazer, equilíbrio emocional. Mas quando olhamos para dentro da própria classe médica, encontramos números preocupantes: altas taxas de burnout, depressão, ansiedade e doenças cardiovasculares associadas ao estresse crônico.

Esse paradoxo revela algo importante: não basta conhecer a teoria — é preciso aplicar na própria vida o que se ensina no consultório.


Movimento como remédio

Um dos pilares do estilo de vida saudável é a prática regular de atividade física. Para o médico, o exercício não é apenas um recurso de saúde física, mas também uma válvula de escape mental. Correr, pedalar, nadar, dançar ou até caminhar são formas de aliviar a tensão, oxigenar o cérebro e resgatar a clareza mental depois de plantões exaustivos.

Estudos mostram que médicos fisicamente ativos apresentam menor risco de burnout e maior sensação de bem-estar. Além disso, tornam-se exemplos vivos para seus pacientes, transmitindo credibilidade e inspiração.


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O sono como prioridade negligenciada

Entre plantões e sobrecarga de trabalho, o sono costuma ser o primeiro a ser sacrificado. No entanto, dormir pouco e mal compromete não só a saúde do médico, mas também a qualidade do cuidado oferecido. Déficits de atenção, falhas de memória e irritabilidade são consequências diretas da privação de sono — perigosas tanto para quem atende quanto para quem é atendido.

Priorizar o descanso é, portanto, uma questão de segurança e de responsabilidade profissional.


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Alimentação, outra área negligenciada

A rotina médica muitas vezes empurra para refeições rápidas, industrializadas ou até mesmo para a ausência delas. Com planejamento mínimo, no entanto, é possível fazer escolhas melhores: levar lanches práticos e saudáveis, manter frutas e oleaginosas na gaveta do consultório, evitar excesso de cafeína e buscar hidratação adequada ao longo do dia.

Pequenas mudanças sustentadas no tempo têm impacto real na saúde metabólica e no nível de energia.


Equilíbrio emocional e propósito

Outro pilar essencial é a saúde mental. Terapia, meditação, hobbies e momentos de lazer não são luxo, mas necessidade. O contato com amigos e família, além da conexão com valores pessoais, ajuda a manter o propósito vivo mesmo em meio a pressões externas.

Cuidar da própria saúde emocional é fundamental para que o médico siga cuidando com empatia e humanidade.


A medicina é vocação, mas também é maratona. Para sustentá-la, é indispensável que o médico olhe para si com o mesmo zelo que dedica aos seus pacientes.


O estilo de vida do médico deve incluir movimento, sono, nutrição, descanso e vínculos saudáveis. Porque, no fim das contas, quem cuida também precisa ser cuidado — e esse cuidado começa dentro de casa, no corpo e na mente de cada profissional de saúde.


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Um abraço

Alessandra


Dra Alessandra Freitas Russo é neurologista da infância e da adolescência com mestrado e doutorado pela USP. Atua na clínica Vivere, uma clínica de reabilitação infantil, onde é sócia fundadora. É especialista em medicina do estilo de vida e acredita que a alegria e a gratidão são pilares de uma vida mais feliz.

@neuroevoce

 
 
 

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