🌙 Luz à Noite: Um Vilão Silencioso para o Coração?
- Dra Conceição Campos

- 29 de nov.
- 3 min de leitura
O que a ciência mais recente revela sobre exposição luminosa noturna e risco cardiovascular
Nos últimos anos, falar sobre “higiene do sono” se tornou comum. Mas um aspecto pouco discutido – e agora fortemente apoiado por evidências científicas – é o impacto da exposição à luz durante a noite na saúde do nosso coração.
Um estudo robusto publicado em 2025 no JAMA Network Open analisou mais de 88 mil participantes que utilizaram sensores de luz no pulso por uma semana. Depois, esses indivíduos foram acompanhados por até 9,5 anos para avaliar quem desenvolvia doenças cardiovasculares. O resultado? A luz noturna pode estar desempenhando um papel muito mais importante do que imaginávamos na saúde cardiometabólica.

🔎 O que o estudo descobriu?
Segundo o documento (23 de outubro de 2025), pessoas expostas às noites mais claras (percentil 91–100) apresentaram riscos significativamente maiores de desenvolver doenças cardiovasculares em comparação com aquelas que tinham noites escuras (0–50%):
Doença arterial coronariana: aumento de 32% no risco
Infarto do miocárdio: aumento de 47% no risco
Insuficiência cardíaca: aumento de até 56% no risco
Fibrilação atrial: aumento de 32% no risco
Acidente vascular cerebral (AVC): aumento de 28%
Essas associações continuaram relevantes mesmo após ajustes para fatores como alimentação, atividade física, tabagismo, consumo de álcool e padrão de sono.
Não é pouca coisa. Estamos falando de aumentos reais e clinicamente significativos.

🧠 Como a luz à noite prejudica o coração?
A exposição à luz durante o período biológico noturno causa quebra da organização circadiana, o que desencadeia uma cascata de disfunções metabólicas e cardiovasculares:
1.
Piora da tolerância à glicose e aumento do risco de diabetes tipo 2
Diabetes é um dos maiores preditores de aterosclerose e doença coronariana.
2.
Estado de hipercoagulabilidade
O corpo fica mais propenso a formar coágulos, aumentando eventos tromboembólicos e isquêmicos.
3.
Pressão arterial mais alta durante 24 horas
Eleva o risco de dano vascular e hipertrofia cardíaca.
4.
Maior risco de arritmias
O coração recebe sinais conflitantes dos relógios biológicos centrais e periféricos.
Esses mecanismos ajudam a explicar por que até 44% de aumento no risco de AVC já havia sido observado em outros estudos baseados em luz ambiental externa.
👩⚕️ Quem corre mais risco?
O estudo revelou que:
Mulheres apresentaram associações mais fortes entre luz noturna e risco de insuficiência cardíaca e doença coronariana.
Pessoas mais jovens mostraram maior sensibilidade ao risco de fibrilação atrial e insuficiência cardíaca relacionado à luz noturna.
🛌 O que fazer na prática?
Aqui vão recomendações simples, mas poderosas:
✔ Priorize noites escuras
Prefira cortinas blackout.
Desligue LEDs de eletrônicos no quarto.
Evite luz branca ou azul à noite – prefira luz âmbar.
✔ Iluminação adequada à noite
Se precisar levantar, use luzes fracas e amarelas.
✔ Evite telas 1–2h antes de dormir
A luz de aparelhos eletrônicos é suficiente para desregular o relógio interno.
✔ Rotina de sono consistente
Ajuda a estabilizar o sistema circadiano.
❤️ Conclusão
A luz noturna não é apenas um incômodo – é um fator de risco real e mensurável para doenças cardiovasculares. Segundo o estudo de 2025, “evitar a luz à noite pode ser uma estratégia útil de prevenção”.
Pequenos ajustes no ambiente podem ter impacto profundo na saúde do coração.
Dormir no escuro é mais do que conforto – é cardioproteção.
Referencia: Windred DP, Burns AC, Rutter MK, et al. Light Exposure at Night and Cardiovascular Disease Incidence. JAMA Netw Open. 2025;8(10):e2539031. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.39031
Imagens geradas com auxílio da inteligência artificial

Dra Conceição Campos
Médica Radioterapeuta RQE 2357
Doutora em Oncologia Fundação Antônio Prudente 2012
Pós-graduação em Medicina do Esporte IBCMED 2018
Pós-graduanda em Endurance e Biomecânica Instituto Valorize 2024-26







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