Pequenas vitórias, grandes conquistas: o que aprendi ao treinar com agenda cheia

Na vida médica, cada dia parece ter horas a menos. Entre consultas, cirurgias, plantões, congressos e demandas familiares, sobra pouco espaço para o autocuidado. Durante muito tempo, eu também acreditei que seria impossível encaixar treinos em uma rotina tão cheia. Mas, aos poucos, descobri que as pequenas vitórias diárias podem se transformar em grandes conquistas.

O mito da falta de tempo

Um dos maiores aprendizados foi entender que “falta de tempo” muitas vezes é mais sobre prioridades do que sobre horas no relógio. Claro, não é fácil — há dias em que simplesmente não dá. Mas percebi que, ao invés de esperar pela janela perfeita de uma hora livre, eu podia começar com 10 ou 20 minutos de movimento real. Esses momentos curtos, acumulados ao longo da semana, geraram resultados concretos: mais disposição, mais clareza mental e até mais paciência no consultório.

Outro aprendizado foi colocar o horário de treino na agenda como qualquer outro compromisso importante do dia.

Pequenos treinos, grandes efeitos

Não foram treinos épicos que mudaram minha relação com o esporte, mas sim a constância.

• Subir escadas em vez do elevador.

• Caminhar rápido até o carro.

• Usar a pausa para um café como oportunidade de alongar e respirar fundo.

• Colocar a roupa de corrida antes mesmo de chegar em casa, para não perder a motivação.

  
  

Esses gestos simples, quase invisíveis, foram acumulando força. De repente, percebi que já não era sobre “ter tempo para treinar”, mas sim sobre inserir movimento como parte natural da vida.

Nos posts anteriores dei várias dicas sobre esses “lanchinhos de movimento" e seus benefícios. 

O poder da constância

A maior lição é que constância supera intensidade e que nada resiste ao trabalho. Claro, correr uma maratona é uma conquista incrível, mas não menospreze o poder de completar três treinos curtos em uma semana atribulada.

Essas pequenas vitórias geram confiança, motivação, senso de auto eficácia e, principalmente, o hábito de não desistir de si mesmo.

Mais do que físico: saúde integral

Treinar com agenda cheia não me trouxe apenas ganhos físicos. Trouxe também:

• Menos estresse no trabalho e na vida (passamos por uma pandemia com a saude mental em dia por aqui).

• Sono de melhor qualidade.

• Mais energia para estar com a família.

• A sensação de coerência — de realmente viver aquilo que recomendo aos meus pacientes - é o famoso FAÇA O QUE EU FAÇO!

Esses ganhos são invisíveis nos números de performance, mas valem mais que qualquer medalha.

Hoje entendo que grandes conquistas começam em pequenas escolhas diárias.Não preciso de horas livres, equipamentos sofisticados ou condições ideais. Preciso apenas me lembrar de que cada treino, por menor que seja, é um investimento em mim — no médico, no atleta e, acima de tudo, no ser humano que continua aprendendo a equilibrar carreira, família e saúde.

Pequenas vitórias importam. E, somadas, transformam vidas.

Um abraço

Alessandra

Dra Alessandra Freitas Russo é neurologista da infância e da adolescência com mestrado e doutorado pela USP. Atua na clínica Vivere, uma clínica de reabilitação infantil, onde é sócia fundadora. É especialista em medicina do estilo de vida e acredita que a alegria e a gratidão são pilares de uma vida mais feliz.

@neuroevoce @vivereclinicagranjaviana