Do individual ao coletivo: como nossas escolhas impactam pacientes, família e sociedade
- Dra Erika Vidal

- há 5 dias
- 3 min de leitura
O impacto silencioso das nossas escolhas
Quando falamos de médico, falamos da vocação e dos desafios da profissão. Mas hoje, quero propor uma reflexão diferente: o impacto silencioso das nossas escolhas diárias.
Não falo das grandes decisões clínicas ou dos momentos heroicos que marcam carreiras.
Falo do que acontece longe dos holofotes quando decidimos como cuidar (ou não) da nossa própria saúde, como lidamos com o tempo, com o descanso, com o corpo e com a mente.
Essas decisões, aparentemente individuais, reverberam muito além de nós: nos pacientes, na nossa família, nas equipes com que trabalhamos e, em última instância, na cultura de saúde da sociedade.

O efeito composto do exemplo médico
No livro O Efeito Composto, Darren Hardy mostra que pequenas escolhas consistentes,
repetidas ao longo do tempo, geram um impacto exponencial, seja positivo ou negativo.
Aplicado à medicina, isso significa que cada ato de autocuidado de um médico, treinar,
alimentar-se bem, dormir com qualidade, fazer pausas conscientes, lança ondas de influência que crescem com o tempo.
Pacientes que veem seus médicos como exemplos têm mais confiança e adesão.
Filhos e familiares absorvem, muitas vezes sem palavras, os hábitos que praticamos.
Equipes de saúde se moldam pelo comportamento dos líderes silenciosos.
Essas ondas não acontecem de forma imediata, mas acumulam força. O estilo de vida do
médico é um vetor cultural poderoso.

O peso da evidência
A ciência confirma esse impacto:
Médicos fisicamente ativos têm 2,5 vezes mais chance de prescrever exercício e seus
pacientes têm até 5 vezes mais chance de aderir.
Um estudo da JAMA mostrou que quando há corresponsabilidade médico-paciente, a
adesão ao tratamento aumenta em 26%.
Dados de coorte indicam que filhos de profissionais de saúde têm menor incidência de
obesidade e melhor perfil metabólico, reflexo direto do ambiente familiar.
O que escolhemos fazer com nosso corpo e nossa rotina não fica contido em nós. Gera
ondas de saúde coletiva.

Do gesto individual à transformação coletiva
Podemos visualizar isso como círculos concêntricos:
Círculo 1 – Eu: autocuidado, congruência, coerência interna.
Círculo 2 – Pacientes e equipe: confiança, inspiração e mudança de comportamento.
Círculo 3 – Família e sociedade: cultura de saúde, legado silencioso e duradouro.
Um treino realizado antes do plantão, uma pausa para respirar entre consultas ou uma escolha alimentar consciente parecem pequenos gestos — mas são, na verdade, sementeiras de transformação.

Três movimentos para ampliar o impacto
1. Escolha um hábito-chave – selecione um comportamento simples de autocuidado (ex: caminhar diariamente, dormir melhor) e mantenha com consistência.
2. Torne visível – compartilhe com pacientes, familiares e colegas seus pequenos compromissos. Isso inspira sem impor.
3. Pense em ondas, não em aplausos – o impacto mais profundo não é imediato nem ruidoso; é cumulativo e duradouro.
Uma homenagem com responsabilidade
O Médico, mais do que aplausos, precisa de consciência.
A consciência de que nossa vida é também uma mensagem. Que cada decisão individual é
uma pedra lançada em um lago e as ondas, inevitavelmente, tocam outros.
“Você nunca sabe quem está observando, mas pode ter certeza de que está influenciando.”
Que possamos, como médicos, honrar nossa profissão cuidando não apenas dos outros, mas de nós mesmos como ponto de partida para o coletivo.
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Sou a Dra. Érika Vidal, Médica Atleta, Maratonista, Cardiologista com foco em prevenção, cardiologia do esporte e medicina do estilo de vida. Além da prática clínica, dedico minha trajetória a difundir conhecimento sobre saúde cardiovascular, atividade física, bem-estar mental e transformação de hábitos.
Acredito que o exemplo do médico saudável inspira e dá credibilidade, ajudando nossos pacientes a florescerem também. É por isso que inicio esta coluna quinzenal aqui no blog Médicos Atletas: um espaço para conversarmos sobre ciência, prática clínica e, sobretudo, sobre como cuidar de nós mesmos é o primeiro passo para cuidar melhor do outro.
Formações:
Cardiologista RQE 22575
Especialista em Ergometria e Reabilitação cardíaca RQE 40659
Pos graduações: Nutrologia, Medicina do Esposte, Psicologia Positiva
Formação em Medicina do Estilo de Vida pela MEV Brasil
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